quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Animal em extinção


Homem que é homem não faz auto-analise. Homem que é homem não fica por ai pensando nas comezinhas da vida. Aliás, homem que é homem nem sabe o que significa essa palavra. O homem de verdade não vai a médico, muito menos naquele tipo que gosta de enfiar o dedo nos fundilhos alheios. O homem macho mesmo morre bravamente de câncer de próstata, do pulmão, as vezes cirrose ou o famoso ataque do coração, que prova que o macho também tem o dito cujo. Ele não vai ao terapeuta ou bebe refrigerante diet.  Com serenidade ele agüenta as dores do mundo empurrando os problemas com sua grande barriga, cultivada a cerveja e aperitivos.  Nada é mais gratificante para ele que xingar a mãe do árbitro. Bom, pensando bem, talvez as fantasias com a Luiza Brunet, mas imaginação não é o forte do macho.
Outro campo onde se define o gênero do macho é na literatura.  As escritoras vivem acreditando em mitos inalcançáveis como, por exemplo, a tal felicidade.  Os homens sabem que ela não existe, pelo menos não como aparece na novela. Felicidade do homem é diferente. Está em algum lugar entre a derrota alheia e o sofá da sala.
Ninguém nasce macho. Isso é um processo conquistado a ferro e fogo.  Nem todos conseguem. Alguns desistem e acabam descobrindo o significado de comezinhas – eu particularmente prefiro não saber que p&*%@# é essa. Pra falar a verdade essa palavra deve ser coisa de vi&*%¨$#@. Mas deixa isso pra lá. Vai que esse escritor seja mordido pela curiosidade e consulte um dicionário. Aliás, isso é outra coisa que homem que é homem não faz. Quem precisa de um dicionário? O homem de verdade sabe das coisas, nunca pergunta nada pra ninguém, mesmo completamente perdido numa cidade desconhecida. Ele precisa saber, se não, toda sua virilidade é questionada.
Os homens sabem que precisam matar um leão por dia.  Só quem nasceu com um pinto sabe o que é conviver todos os dias sob a ameaça constante de tomar uma porrada.  Alguém vai dizer que isso é coisa de troglodita, de gente subdesenvolvida. Mas, espere até um engraçadinho qualquer tentar provar que é mais homem que você, pronto.  Não adianta tentar conversar, certas pessoas só entendem a linguagem dos punhos.  É claro que agressores não fazem distinção entre mulheres, crianças ou outros caras. Mas esses a sociedade protege, ou pelo menos deveria, pra isso existem as diversas delegacias especializadas. Agora chega você um cara desenvolvido, numa delegacia normal e tenta prestar queixa contra o cara que te xingou, que meteu o dedo na sua cara e te mandou ir pra outra boate ou pra outros lugares menos publicáveis. Não meu amigo, você não tem escolha. Tem que honrar as suas calças. É ai que tudo vai por água abaixo, inclusive as unhas que você acabou de fazer.