segunda-feira, 10 de maio de 2010

Nada demais

Nada que não anda
Não faz não sente não chora
Nada de alegria de devir
Nada existindo na dor
Nada em águas turbulentas
Nada afogado em rancor
Nada só mágoas
Nada nem flor
Sem cor sem cheiro
Só rudes espinhos negros
Sem frescor
Nada que não passa
Nada que não é
Não pode tocar a essência do ser
Não há o que ver nem desejar
Nada pra sonhar
Nada que ama
Mas como pode alguém amar o nada?

Ordem e medo

O que é a ordem sem o erre?
Seria medo.
Qual o erre da ordem?
Razão??

Circulante

Abre os olhos meu amor
Contempla a vida violentamente a fruir
Escuta o som do devir constante a reclamar suas revoluções
Prova o acre-doce e o amargo do mais sublime licor
Sente a carícia mais tenra a dor mais profunda

Essa a essência da própria presença
Esse é o existir em si mesmo
Essa emoção fugaz e passageira
Singela pétala beijada pelas asas da borboleta
Perene neve nas alturas do Himalaia

Talvez faça sentido estar
Não e sim num confronto
Sangue suor e água
Sal e secura desenfreada

Essa vida que insiste em não ser
Apesar dos sorrisos da alegria e da beleza
Um constante seguir de dias
De horas e momentos
Um instante e já foi