domingo, 27 de setembro de 2009
O irmão do pródigo
Tudo ia bem até que o desgraçado do irmão mais novo resolve voltar. Bem feito, pensou ele, se fudeu, passou fome, está fétido, feio e sujo. No fundo ele também lamentou, ainda era seu irmão, mas, foi uma escolha, tornou a pensar. Meu Pai deve recebê-lo de volta, Ele o ama, mas que a justiça seja feita infelizmente meu irmão não tem mais direito de filho, ele quis assim. Esses pensamentos ainda estavam na cabeça do irmão do pródigo quando veio a noticia do banquete. Um novilho cevado? Um novilho não, O novilho cerrado. Justo aquele mais apetitoso, que tanto namorei, que estava esperando que meu Pai me desse. Está certo que nunca pedi, mas estava implícito. Agora o velho vai matar o bicho por causa desse cara. Não vou na festa, foda-se.
Que ódio, como assim o cara gasta tudo o nem era dele e o velho recebe com festa. Entretido nesses pensamentos sombrios não percebeu que alguém tinha deixado a festa, os convidados e o filho que tinha retornado para buscar seu outro filho. Ambos irmãos tinham um Pai, mas só por um esse Pai se moveu, foi por um que o Pai parou o que estava fazendo de importante pra trazê-lo a festa. A mão firme e tranqüilizante do Pai pousou sobre seu ombro e então, tomado por rancor e ódio, o mais velho desabafou: _ você ainda gasta tempo e dinheiro com esse beberrão, mulherengo e safado. Eu te servi em tudo, fiz tudo que era pra fazer e você não me deu nada.
O Pai sorriu amorosamente e pronunciou palavras belas: _ Filho corri pra seu irmão pois já o dava como morto. Minha dor era tanta que não sabia o que fazer. Quando ele chegou eu interrompi a tristeza e fui a ele. Mas você tem todas as coisas, você me tem. Tudo o que é meu é seu. Não fui resgatar seu irmão foi a escolha dele e ele teve vir com suas próprias pernas, mas interrompi minha alegria e vim te resgatar por que sem você minha alegria não é completa.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Renato e eu
pra quem quiser a letra da musica ai vai ela:
Metal Contra as Nuvens
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá
I
Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.
II
Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão...
III
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
IV
- Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.
domingo, 6 de setembro de 2009
Poesia Veríssima
Luis Fernando Veríssimo
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albinônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Crônica especial
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Crônica especial
CRÔNICA ESPECIAL
Eu não posso reclamar. Sobrevivi a um acidente que atingiu a minha medula nervosa e deixou algumas seqüelas, leves e pequenas. É verdade que não posso correr, também é verdade que a dor agora não me larga nunca. Mas sobrevivi. Minha cabeça dura estilhaçou o para-brisa de um Kadet, mesmo assim posso dizer que escapei. Escapei bem. Sou independente, não preciso de ajuda pro banho, controlo minhas vontades de ir ao banheiro, vou a qualquer lugar e não sofro muito com a intolerância de uma cidade que nega sistematicamente o direito a acessibilidade a todos, cadeirantes ou não. Aqui ninguém é especial. Além disso tudo não preciso de nenhum assessório pra facilitar a locomoção, mas já usei bengala e fiquei muito elegante.
Eu não posso reclamar. Por todas essas coisas eu não tenho o direito de reclamar. Tenho que agradecer a Deus e a vida, por tudo. Por ter escapado dessa praticamente ileso, estar em pé, vivo, ter uma vida praticamente normal. Mas, o que é uma vida praticamente normal? Uma vida praticamente normal significa saber que as limitações aumentaram. Limitações que já são naturalmente impostas ao ser humano, dito normal. Então quando esses limites aumentam você sente na pele o quão pequeno você é e como é dura a arte de estar vivo. Então, apesar de não ter o direito de reclamar, SIM, M.RDA, EU QUERO RECLAMAR.