domingo, 27 de setembro de 2009

O irmão do pródigo

O filho pródigo é conhecido a exaustão, os cristão adoram ele pois sabem que, se um dia derem na telha e resolverem seguir seus próprios instintos, podem contar que, mesmo numa pocilga, há um Pai amoroso lhe aguardando com um banquete e um anel. Mas para tudo. Um banquete e um anel pra esse desgraçado sem vergonha que gasta o que não é dele com prostitutas, bebida e jogatina? Qual o privilégio dele? Ele devia ser punido. Esses foram o pensamento de seu irmão. Pensamentos justos. Afinal, ele também queria curtir a vida, também queria sentir o prazer de belas mulheres, de bons vinhos, de banquetes deliciosos. Mas, ele foi fiel. Pelo menos era assim que pensava. Talvez fosse feliz, talvez gostasse de servir o Pai, mas seu desejo também queria viver. No fundo esse desejo corroia sua alma e ele, por medo ou respeito – se é que essas palavras não são sinônimos, coisa que eu acho provável – permaneceu ao lado do Pai.
Tudo ia bem até que o desgraçado do irmão mais novo resolve voltar. Bem feito, pensou ele, se fudeu, passou fome, está fétido, feio e sujo. No fundo ele também lamentou, ainda era seu irmão, mas, foi uma escolha, tornou a pensar. Meu Pai deve recebê-lo de volta, Ele o ama, mas que a justiça seja feita infelizmente meu irmão não tem mais direito de filho, ele quis assim. Esses pensamentos ainda estavam na cabeça do irmão do pródigo quando veio a noticia do banquete. Um novilho cevado? Um novilho não, O novilho cerrado. Justo aquele mais apetitoso, que tanto namorei, que estava esperando que meu Pai me desse. Está certo que nunca pedi, mas estava implícito. Agora o velho vai matar o bicho por causa desse cara. Não vou na festa, foda-se.
Que ódio, como assim o cara gasta tudo o nem era dele e o velho recebe com festa. Entretido nesses pensamentos sombrios não percebeu que alguém tinha deixado a festa, os convidados e o filho que tinha retornado para buscar seu outro filho. Ambos irmãos tinham um Pai, mas só por um esse Pai se moveu, foi por um que o Pai parou o que estava fazendo de importante pra trazê-lo a festa. A mão firme e tranqüilizante do Pai pousou sobre seu ombro e então, tomado por rancor e ódio, o mais velho desabafou: _ você ainda gasta tempo e dinheiro com esse beberrão, mulherengo e safado. Eu te servi em tudo, fiz tudo que era pra fazer e você não me deu nada.
O Pai sorriu amorosamente e pronunciou palavras belas: _ Filho corri pra seu irmão pois já o dava como morto. Minha dor era tanta que não sabia o que fazer. Quando ele chegou eu interrompi a tristeza e fui a ele. Mas você tem todas as coisas, você me tem. Tudo o que é meu é seu. Não fui resgatar seu irmão foi a escolha dele e ele teve vir com suas próprias pernas, mas interrompi minha alegria e vim te resgatar por que sem você minha alegria não é completa.

2 comentários:

  1. Legal, Lipe, mas esse complexo judaico-cristão de sacrifício atualmente me incomoda. É claro que o filho mais novo não podia ser deixado na sarjeta, mas que o pai podia deixá-lo quieto no quarto pra refletir ao invés de fazer uma festança pra ele, podia... E o filho mais velho precisa de mais demonstrações de carinho como essa, e não só quando já for um pouco tarde. Mas, enfim, dizem que os pais preferem os rebeldes... Vai entender... Beijos!! :*

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  2. Perdão....palavra chave nesse caso e m vários outros atuais em nosso século. Cristo é perdão e acima de tudo amor....nossa razão humana não nos deixa perceber, mas espiritualmente somos mais que seres egoístas, raivosos e temporais.

    Beijos : ) M.SAS!

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