Woody Allen está otimista. Tudo bem que é um otimismo que não se entrega facilmente, e, como dizem aqueles que apreciam as coisas complexas – entre os quais eu por pura preguiça não me incluo, as melhores uvas estão nos galhos mais altos. Seu último filme é um brinde a fé. Não a fé mesquinha dos fundamentalistas. Essa merece todas as porradas que sempre recebe dos intelectuais previsíveis. Nem tão pouco essa fé é um sentimento de esperança cega e simplista em crenças de crescimento auto-sustentável ou atitudes politicamente corretas. O clarinetista de horas vagas nos oferece um divertido passeio por adoráveis estereótipos humanos, cada um com a maravilhosa vocação para ser mais.
Nova York é o cenário dessa comédia ácida e divertida e nela a vida vai pregar peças e facilitar o obvio e também o inusitado. É justamente esse um dos grandes trunfos do filme: nada de formas prontas, apenas a vida acontecendo e nos levando de roldão com a generosa boa vontade do diretor. A deliciosa escolha de narrar a partir do personagem em primeira pessoa e em tempo real também é um petisco a parte que torna o filme ainda mais saboroso. Contudo, é preciso tomar cuidado pra não cair na armadilha Boris, personagem alter-ego do autor. É preciso não levar Boris a sério, ele mesmo não se leva a sério. Quem levaria a sério alguém que tem a certeza de estar num filme? Toda a sua amargura e hipocondria e na verdade uma imagem invertida de alguém que, apesar de ser o arquétipo da negação da vida, prova que não importa o que aconteça tudo pode dar certo, será?
Pois é... Eu não VI esse filme... AFF!!!!
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