sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Reflexões

Em meio a alguns pensamentos reflexivos fui caminhando na direção eterna dos porquês. Esse negócio de racionalizar tudo ainda vai me deixar doido. Mas, eu sou assim. Eu preciso entender o processo, praticá-lo, internalizá-lo, pra assim e somente assim, dizer que realmente eu sei do que estou falando.  É justamente no meio desse processo que uma frase veio a mim. Eu estava pensando no que poderia ser essa coisa metafísica tão desejada, mas tão pouco conhecida: o amor.  Esse sentimento que rende novelas, músicas, poesias, líquidos e assassinatos.  O que é esse amor? Que deus é esse que movimenta milhões de bytes ao redor da net? Todo mundo se acha habilitado pra falar de amor. Todo mundo acredita que participa dele de algum modo. Falam de amor passageiro, de amor falso, de amor próprio. Falam tanto de amor que há quem diga que existe um amor verdadeiro. Tem gente que ama o próximo e tem gente que não ama ninguém.
Um bom autor psicanalista - sempre eles - afirma que o amor é uma vontade de se reintegrar ao mundo. Pra ele nós nascemos separados e solitários. Essa constatação é assustadora.  Uma vez descoberta nossa solidão nossa única chance de escapar dessa condenação é ele, o remédio pra todos os males, o amor.  Não lembro agora se o escritor chama o amor de sentimento ou de verbo.  Pra falar a verdade isso pouco importa pra mim.  Eu gosto da linha que ele toma. O seu raciocínio é claro e transforma o amor em coisa maior que sexo, maior que paixão, maior que ternura. Ele flerta com o religioso e transforma o amor em ação traduzido em caridade. Eu particularmente acredito que  nossas convicções valem muito pouco diante do histórico de nossas ações.  Pra mim nós não somos feitos de pensamentos. Somos a nossa história e, consequentemente, somos o fruto de nossas próprias ações. A partir dai minha reflexão sobre o amor tomou o único rumo possível. Se eu só posso ser quem sou pelo que já fiz, então meu amor só pode ser traduzido na concretude do dia-a-dia. Meu amor é mandamento que se realiza na negação de meu desejo.
Não me peçam explicação sobre isso tudo. Eu não sei. Se soubesse isso seria poesia.  Meu amor não está em mim, está nos meus gestos. Meu amor não está na paixão, nem no desejo. Ele está em silêncio movendo minha consciência a tomar decisões que não sei se quero. Ele na busca de um sorriso alheio, de um encontro maior. No caminho certo, num descanso dominical. Na insignificância de minha invisibilidade meu amor se satisfaz ao não me preencher. Pra que eu possa continuar a não-ser enquanto vivo. Pra vida continuar a existir ao meu redor.

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